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A Biblia

Bíblia (do grego βίβλια, plural de βίβλιον, transl. bíblion, "rolo" ou "livro"[1]) é o texto religioso central do cristianismo.
Foi São Jerónimo, tradutor da Vulgata latina, que chamou pela primeira vez ao conjunto dos livros do Antigo Testamento e Novo Testamento de "Biblioteca Divina". A Bíblia é uma coleção de livros catalogados, considerados como divinamente inspirados pelas três grandes religiões dos filhos de Abraão (além do cristianismo e do judaísmo, o islamismo). São, por isso, conhecidas como as "religiões do Livro". É sinónimo de "Escrituras Sagradas" e "Palavra de Deus".
As diversas igrejas cristãs possuem algumas divergências quanto aos seus cânones sagrados. Inclusive protestantes entre protestantes, que contem cânon contendo os deuterocanônicos.
As igrejas cristãs protestantes possuem 39 livros no Antigo Testamento como parte do cânone de suas Bíblias, e outra 46 Livros.
A Igreja Católica possui 46 livros no Antigo Testamento como parte de seu cânone bíblico (os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácides), Baruque, I Macabeus e II Macabeus, e alguns trechos nos livros de Ester e de Daniel). Estes textos são chamados deuterocanônicos (ou "do segundo cânon") pela Igreja Católica.
Importante dizer que uma parcela grande judeus, cerca de quatro quintos destes tem em seu cânon os deuterocanônicos, diferente da minoria farisaica palestinence. E foi dessa minoria que alguns Protestantes do século XX, finalmente retificaram seu cânon, com os aprecimentos das primeiras Sociedades Bíblicas.
As igrejas cristãs ortodoxas, e as outras igrejas orientais, aceitam, além de todos estes já citados, outros dois livros de Esdras, outros dois dos Macabeus, a Oração de Manassés, e alguns capítulos a mais no final do livro dos Salmos (um nas Bíblias das igrejas de tradição grega, cóptica, eslava e bizantina, e cinco nas Bíblias das igrejas de tradição siríaca).[2]
As igrejas cristãs protestantes, consideraram os textos deuterocanônicos como apócrifos, mas os reconhecem como leitura proveitosa e moralizadora, além do valor histórico dos livros dos Macabeus e outros os tem como literamente canônicos. Varias e importantes Bíblias protestantes, como a Bíblia do Rei Tiago e a Bíblia espanhola Reina-Valera, contêm nas suas edições os deuterocanônicos.
A Bíblia é um livro muito antigo. Ela é o resultado de longa experiência religiosa do povo de Israel. É o registro de várias pessoas, em diversos lugares, em contextos diversos. Acredita-se que tenha sido escrita ao longo de um período de 1.600 anos por cerca de 40 homens das mais diversas profissões, origens culturais e classes sociais.
Os cristãos acreditam que estes homens escreveram a Bíblia inspirados por Deus e por isso consideram a Bíblia como a Escritura Sagrada. No entanto, nem todos os seguidores da Bíblia a interpretam de forma literal, e muitos consideram que muitos dos textos da Bíblia são metafóricos ou que são textos datados que faziam sentido no tempo em que foram escritos, mas foram perdendo seu sentido dentro do contexto da atualidade.
Para a maior parcela do cristianismo a Bíblia é a Palavra de Deus, portanto ela é mais do que apenas um bom livro, é a vontade de Deus escrita para a humanidade. Para esses cristãos, nela se encontram, acima de tudo, as respostas para os problemas da humanidade e a base para princípios e normas de moral.
Não-cristãos de um modo geral veem a Bíblia como um livro comum, com importância histórica e que reflete a cultura do povo que os escreveu. Em regra os não-cristãos recusam qualquer origem divina para a Bíblia e a consideram como de pouca ou de nenhuma importância na vida moderna, ainda que na generalidade se reconheça a sua importância na formação da civilização ocidental (apesar de a Bíblia ter origem no Médio Oriente).
A comunidade científica tem defendido a Bíblia como um importante documento histórico, narrado na perspectiva de um povo e na sua fé religiosa. Muito da sua narrativa foi de máxima importância para a investigação e descobertas arqueológicas dos últimos séculos. Mas os dados existentes são permanentemente cruzados com outros documentos contemporâneos, uma vez que, a história religiosa do povo de Israel singra em função da soberania de seu povo que se diz o "escolhido" de Deus e, inclusive, manifesta essa atitude nos seus registros.
Independente da perspectiva que um determinado grupo tem da Bíblia, o que mais chama a atenção neste livro é a sua influência em toda história da sociedade ocidental e mesmo mundial, face ao entendimento dela nações nasceram (Estados Unidos etc.), povos foram destruídos (Incas, Maias, etc), o calendário foi alterado (Calendário Gregoriano), entre outros fatos que ainda nos dias de hoje alteram e formatam nosso tempo. Sendo também o livro mais lido, mais pesquisado e mais publicado em toda história da humanidade, boa parte das línguas e dialetos existentes já foram alcançados por suas traduções. Por sua inegável influência no mundo ocidental, cada grupo religioso oferece a sua interpretação, cada qual com compreensão peculiar.

[editar] Os idiomas originais

Foram utilizados três idiomas diferentes na escrita dos diversos livros da Bíblia: o hebraico, o grego e o aramaico. Em hebraico consonantal foi escrito todo o Antigo Testamento, com excepção dos livros chamados deuterocanônicos, e de alguns capítulos do livro de Daniel, que foram redigidos em aramaico. Em grego comum, além dos já referidos livros deuterocanônicos do Antigo Testamento, foram escritos praticamente todos os livros do Novo Testamento. Segundo a tradição cristã, o Evangelho de Mateus teria sido primeiramente escrito em hebraico, visto que a forma de escrever visava alcançar os judeus.
O hebraico utilizado na Bíblia não é todo igual. Encontramos em alguns livros o hebraico clássico (por ex. livros de Samuel e Reis), em outros um hebraico mais rudimentar e em outros ainda, nomeadamente os últimos a serem escritos, um hebraico elaborado, com termos novos e influência de outras línguas circunvizinhas. O grego do Novo Testamento, apesar das diferenças de estilo entre os livros, corresponde ao chamado grego koiné (isto é, o grego "comum" ou "vulgar", por oposição ao grego clássico), o segundo idioma mais falado no Império Romano.
A primeira tradução latina da Bíblia foi a Vetus Latina, baseado na Septuaginta, e, portanto, livros não incluídos na Bíblia hebraica. O Papa Dâmaso I montaria a primeira lista de livros da Bíblia, no Concílio de Roma em 382 d.C. Ele a encomendou de São Jerónimo que produzisse um texto confiável e consistente, traduzindo os textos originais em grego e hebraico para o latim. Esta tradução ficou conhecida como a Bíblia Vulgata Latina, antes disso havia grande confusão e divergência sobre os textos bíblicos a serem aceitos pelos cristãos e, em 1546, o Concílio de Trento declara que é a única Bíblia autêntica e oficial no rito latino da Igreja Católica.

[editar] Inspirado por Deus

O apóstolo Paulo afirma que "toda a Escritura é inspirada por Deus" [literalmente, "soprada por Deus", que é a tradução da palavra grega θεοπνευστος, theopneustos] (2 Timóteo 3:16). Na ocasião, os livros que hoje compõem a Bíblia não estavam todos escritos e a Bíblia não havia sido compilada, entretanto alguns cristãos crêem que Paulo se referia à Bíblia que seria posteriormente canonizada. O apóstolo Pedro diz que "nenhuma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo é que homens falaram em nome de Deus." (2 Pedro 1:21). O apóstolo Pedro atribui aos escritos de Paulo a mesma autoridade do Antigo Testamento: "E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição" (2 Pedro 3:15-16). Veja também os artigos Cânon Bíblico e Apócrifos.
Os cristãos creem que a Bíblia foi escrita por homens sob Inspiração Divina, mas essa afirmação é considerada subjetiva na perspectiva de uma pessoa não-cristã ou não-religiosa. A interpretação dos textos bíblicos, ainda que usando o mesmo Texto-Padrão, varia de religião para religião. Verifica-se que a compreensão e entendimento a respeito de alguns assuntos pode variar de teólogo para teólogo, e mesmo de um crente para outro dependendo do idealismo e da filosofia religiosa defendida, entretanto, quanto aos fatos e às narrações históricas, existe uma unidade.
A dos leitores religiosos da Bíblia baseia-se na premissa de que "Deus está na Bíblia e Ele não fica em silêncio", como declara repetidamente o renomado teólogo presbiteriano e filósofo, o Pastor Francis Schaeffer, dando a entender que a Bíblia constitui uma carta de Deus para os homens. Para os cristãos, o Espírito Santo de Deus atuou de uma forma única e sobrenatural sobre os escritores. Seguindo este raciocínio, Deus é o verdadeiro autor da bíblia, e não os seus escritores, por si mesmos. Segundo este pensamento Deus usou as suas personalidades e talentos individuais, para registrar por escrito os seus pensamentos e a revelação progressiva dos seus propósitos em suas palavras. Para os crentes, a sua postura diante da Bíblia determinará o seu destino eterno.